Árvore, joaninha ou aranha?


 Comecei com poemas sobre a natureza. O primeiro que eu tenho - A dona árvore -  escrevi aos sete, mas diz muito sobre minha personalidade: era sobre um passarinho que pousava numa bela árvore, as maçãs caiam, e ela sempre ficava quietinha independente do que acontecia.

  Mal sabia eu que esse poema viria a se tornar sobre mim, que após fases e mais fases, me peguei perdida no comodismo dos dias. As maçãs são os desafios que vem e vão, caem e são substituídos por novos, e os passarinhos são romances passageiros que nunca ficam.

  Apesar dessa comparação, na vida talvez seja como uma joaninha. Fiz um teatro sobre joaninhas uma vez. Ela era muito admirada por todos pelo seu bom humor e forma de lidar com críticas, mas no fundo, ela se pegava devastada sobre a vida. Ainda assim, vira e mexe saia por aí com seu "vestido amarelo de bolinhas pretas" parecendo não ligar para o mundo.

  Nesse teatro tinha árvores e joaninhas, mas fui escalada para ser a aranha.  E aí, termino esse texto com uma questão que se prendeu nos meus pensamentos: seria eu uma joaninha ou uma árvore? Talvez ambas, não existe nenhuma regra contra ser as duas. Ou fosse a aranha mesmo, mas nunca quis admitir.