Pensamentos da madruga

 


  Semana passada fui em uma noite de pijama de amigas. Foi uma experiência legal, mas algo que eu percebi tem me atormentado muito. Falaram muito comigo, como sempre, mas pouco sabem sobre mim. 

  Aí entro no seguinte ponto: até que ponto gostam da minha companhia por quem eu sou ou simplesmente gostam porque sou boa ouvindo elas? Eu ouço muito, mas sempre digo pouco e temas bem superficiais e apenas quando perguntam (que nem aquela geada de plantinhas em rios congelados). Tem muito por baixo, mas o que se vê parece tão raso. Em umas 12h, quase não disse nada. Nada relevante, nada que diga sobre mim. 

   Sou assim desde que me lembro. Pra mim sempre foi difícil ter amizades apesar de eu sempre falar muito. Vejo que muitas pessoas se consideram minhas amigas, mas não tenho confiança o suficiente para dizer que aquilo é recíproco e considero elas também, porque sinto que mal sabem quem eu sou.

  As visões que as pessoas têm de mim são sempre tão caricatas que me irritam muito. A engraçada, bobinha, empática, voada. Não que eu não seja nada disso, mas me resumir a essas palavras soa presunçoso, até porque várias características me definiriam bem mais que isso. 

  Tenho tentado lidar com isso aos poucos, já que nunca dá para controlar o que as pessoas pensam. O problema é que me culpo por isso, e talvez justamente por esse motivo eu fique tão irritada. Fico pensando que eu poderia me posicionar melhor, agir de outro jeito, mas essa máscara social quando eu estou em meio a grupos se grudou tanto em mim que tem sido difícil desfazer. 

 A conclusão de tudo isso é que a gente não controla o mundo, só a forma que a gente age. Mesmo que eu mude por opção própria, o que as pessoas pensam não deve me afetar. Elas estão tão preocupadas com a vida delas que é normal criarem estereótipos sobre os outros, ainda mais que sou só uma personagem secundária na vida deles. 

  E não é um problema ter poucos amigos. Até porque os poucos que tenho, são reais e se importam comigo verdadeiramente, e isso é o mais importante de tudo, já que nossa vida sem bases sólidas e pessoas que nos inspiram é apenas uma imensa solidão - e por sorte tenho muitas inspirações ao meu redor e pessoas que deixam meus dias mais coloridos.