Árvore, joaninha ou aranha?

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Comecei com poemas sobre a natureza. O primeiro que eu tenho - A dona árvore -  escrevi aos sete, mas diz muito sobre minha personalidade: era sobre um passarinho que pousava numa bela árvore, as maçãs caiam, e ela sempre ficava quietinha independente do que acontecia.  Mal sabia eu que esse poema viria a se tornar sobre mim, que após fases e mais fases, me peguei perdida no comodismo dos dias. As maçãs são os desafios que vem e vão, caem e são substituídos por novos, e os passarinhos são romances passageiros que nunca ficam.  Apesar dessa comparação, na vida talvez seja como uma joaninha. Fiz um teatro sobre joaninhas uma vez. Ela era muito admirada por todos pelo seu bom humor e forma de…

Congelei

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Aquela música mexeu comigoDe forma que jamais iria admitirMeu coração não cantava faz tempo Naquele segundo me perdi
Memórias que se cansamSentimentos que se criamCabeças que se cortamDe vidas que nos rodeiam
As mãos esfriaramRestam lágrimas congeladasNão tem mais suspiros Nem palavras de acalento
As linhas de cada invernoA poeira toma contaDaquelas histórias contadas Muito, mas muito tempo atrás
- Poema sobre tempos em que tudo era amarelo.




Grama

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Você é verdeComo a grama em dias friosÁrvores na mudança de estação Limões cítricos que caemE aqueles pensamentos que se esvaem
Naqueles dias que vem e vão Me vejo com calafriosEvitando tudo aquilo Que jamais posso sentir
Por onde tem estadoMinha mente que me traíQuando pensei em vocêNa chuva passada?
- Tenho tentado não pensar
Como diria Taylor: 


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Percebi que não sei mais ficar entediada.

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Em meio a uma viagem de 6 longas horas, sem Internet, sem fone ou qualquer forma de convívio social, percebi o quanto as redes nos fazem distanciar da sensação de "não ter nada para fazer".  Você está entediado? Com fome? Sem nada para fazer? Querendo distração? Pega o celular. O mundo se tornou uma fonte inesgotável de sempre estar fazendo algo, e nem sempre esse algo é útil.  As últimas horas foram meio caóticas: olhando para janela e percebendo o quanto eu não consigo deixar o tédio me pegar. Meus pensamentos já foram e voltaram nos mais diversos temas, como Grécia, IPhone, design, gatos e qualquer coisa possível.   Eu não consigo desligar e isso é um grande problema, me pego …

Eu não sinto mais nada (mas agradeço)

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Eu não amo ele mais. Depois de anos jurando que nunca me sentiria bem, eu finalmente tenho a tranquilidade de estar sozinha sem carregar nenhum sentimento de remorso comigo, e isso é incrível. Os anos passam e me vejo não sentindo nada.  Lógico, sou grata pelos anos que passamos juntos, mas sabe, só não era para ser. Jurei por anos que ele voltaria e encheria meus dias de alegria e hoje sou feliz por mim mesma. Agradeço a todo meu esforço e minha posição de estar onde estou e, só era para ser assim.  Foram dias muito caóticos que moldaram minha adolescência e a forma de ver o mundo: me lembro claramente de nós dois na praça, eu com aquele cabelo cacheado e vestido vermelho, e ele de azul.…

Tenho 20 anos e estou perdida

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Pensei que aos meus 20 poucos anos eu saberia o que fazer. Afinal de contas, parece uma idade bem grande né? Para minha eu de criança, nessa idade você é um adulto formado. O que de fato é verdade na teoria, mas isso não significa que eu saiba o que estou fazendo da minha vida, sabe?  É tão amplo, e a visão do mercado que eu tinha antigamente foi toda quebrada. Não sei em que posição eu estou, simplesmente tentando sobreviver e tomar uma decisão no meio dessa gama infinita de agências de publicidade. Não vejo tanto beleza nas coisas quanto um dia eu já vi: tudo é venda, lucro e estratégia. Isso é meio triste quando penso a respeito. Marcas que eu admirava, passei a enxergar de forma mais t…

Não caber em caixas

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Por muito tempo tentei me caber numa caixa. Daquelas de papelão, amassadas, quadradas, que ficam guardadas no porão esquecidas em plena terça feira. Ou seja, me prendia em padrões sociais que se assemelhavam a amarras, que eu carregava como um peso, isso pesava, doía, cansava.  Na primeira vez que me vi fora, fiquei longe de tudo, longe das redes, das notícias, dos murais. Quem era eu afinal? Se não estava descrita ali naquela cartilha que dizia como todos deveriam ser.  Com o tempo percebi que talvez nunca estive escrita ali. Eu era eu, e ponto. Era cachos enrolados, risos frouxos, cabeça na lua e desenhos de estrelas pelos jeans rasgados, era música de CDs nunca ouvidos engavetados e fil…